DINÂMICA DE SEXUALIDADE II



Montagem de uma mochila



Esta atividade tem por objetivo levantar e discutir questões relativas às relações de gênero.

O professor divide a classe em grupos de seis a oito alunos. Cada grupo deve montar uma mochila, sendo que metade dos grupos monta uma mochila de homem e a outra metade, uma mochila de mulher. Os alunos precisam imaginar que as mochilas serão montadas para uma viagem que seu dono vai fazer.

Caso se queira colocar na mochila algum objeto que não esteja disponível no momento, mas que gostaria de levar a essa viagem, o grupo pode escrever seu nome em uma tira de papel.

Durante a montagem das mochilas, os grupos não devem se comunicar, para que a atividade possa ser discutida na etapa seguinte, além de manter um certo suspense que anima o desenvolvimento do trabalho

Terminada a tarefa da montagem, todos os alunos se reúnem em um grande círculo, para que cada grupo adivinhe o que contêm as mochilas do outro. Isto é, os grupos que montaram as mochilas das meninas vão "adivinhar" todos os objetos contidos nas mochilas dos meninos

O professor escreve na lousa as palavras "acerto" e em baixo "erro" e assinala os objetos mencionados pelos alunos atribuindo um ponto para cada acerto ou erro do grupo. Terminada uma mochila o outro grupo desenvolve o mesmo procedimento. Em seguida, o professor divide o número de erros pelo número de acertos - o número menor indica qual o grupo que acertou mais e errou menos e portanto ganhou o "jogo".

No fim da atividade, todos os objetos devem estar dispostos no chão ou em uma mesa de forma bem visível, para que o debate possa ser iniciado.

Para incrementar o debate, o professor pode perguntar:
·         Quais objetos caracterizam melhor a mochila do homem e da mulher?
·         Por que esses objetos apontados caracterizam melhor os sexos?
·         A que características pessoais (personalidade, temperamento, jeito de ser) tais objetos respondem ou apontam? Por exemplo, uma bola pode remeter à competitividade, agressividade; já um batom pode lembrar sensualidade, delicadeza, beleza. Esse último procedimento deve ser repetido com todos os objetos considerados mais característicos de cada sexo.
Terminada a rodada, lança-se a pergunta: as características apontadas são naturais ou culturais? Isto é, as pessoas nascem com elas ou é a sociedade que constrói uma cultura na qual essas características são forjadas?

Para responder a questão, pode-se propor uma pesquisa: uma parte do grupo levanta informações na biblioteca, enquanto outra elabora um questionário sob a forma de enquete, a ser aplicado junto aos familiares e outros alunos para verificar o que as pessoas pensam sobre o assunto.

A atividade de construção de mochilas permite ainda variações para aprofundamento:
  • pode-se perguntar para os alunos o que falta em cada mochila, discutindo os significados de cada objeto apontado.
  • para evidenciar e problematizar as relações de gênero, pode-se perguntar o que aconteceria se trocássemos de mochila os objetos mais característicos de cada gênero: por exemplo, se colocássemos uma bola de futebol na mochila da menina e um batom na mochila do menino.

O professor pode sugerir objetos que podem não ter sido colocados nas mochilas e, em seguida, discutir seu significado. Por exemplo:

  • ·         desodorante
  • ·         piercing de sobrancelha
  • ·         absorvente ou tampão
  •          canivete
  • ·         baralho
  • ·         piercingde língua
  • ·         perfume
  • ·         tintura de cabelo
  • ·         revista de homem pelado
  • ·         piercing de umbigo
  • ·         revista de mulher pelada
  • ·         calcinha
  • ·         lápis de cor
  • ·         tesoura
  • ·         camisinha

Nesse momento também se pode problematizar o que aconteceria se trocássemos de mochila os objetos mais característicos de cada gênero.

O professor pode agora sugerir que os alunos pensem em colocar nas respectivas mochilas "coisas" de outra ordem, isto é, atitudes, comportamentos e emoções:
  • ·         sensibilidade
  • ·         objetividade
  • ·         afetividade
  • ·         insegurança
  • ·         racionalidade
  • ·         faltar no trabalho quando os filhos estão doentes
  • ·         iniciativa para o sexo mais seguro
  • ·         choro
  • ·         agressividade
  • ·         ambição
  • ·         compreensão
  • ·         construção da casa
  • ·         acolhimento
  • ·         trabalho braçal
  • ·         cuidado com os filhos
  • ·         iniciativa
  • ·         responsabilidade pela contracepção
  • ·         arrumação da casa
  • ·         tomar cerveja no bar
  • ·         carinho
  • ·         virgindade
  • ·         cozinhar
  • ·         ir à reunião de pais na escola
  • ·         cuidar da aparência

A conclusão dessa atividade deve apontar para a crítica de idéias e atitudes consideradas como naturais, de modo que os alunos percebam que a cultura é responsável pela construção das relações de gênero. A cultura possibilita a construção de estereótipos que se transformam em preconceitos e precisam ser questionados e combatidos. Exemplos de outras culturas ou uma abordagem histórica ajudam a mostrar que as relações de gênero são construídas culturalmente e, por isso, podem ser questionadas, modificadas e transformadas.
Texto original: Yara Sayão e Silvio Duarte Bock
Edição: Equipe EducaRede

(Dezembro/2002)

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