GÊNESE: O PRINCÍPIO VITAL E O PRINCÍPIO ESPIRITUAL.

         O Espiritismo, pêlos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que as vezes é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que de outras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do espirito, e pode ainda demorar meses inteiros

          Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído a liberdade e a vida espiritual, o espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.

         Tomando-se a humanidade no seu grau mais ínfimo da escala espiritual como se encontra entre os mais atrasados selvagens, perguntasse-a se é aí o ponto inicial da alma humana. Na opinião de alguns filósofos espiritualistas, o princípio inteligente, distinto do princípio material, se individualiza, se elabora, passando pêlos diversos graus da animalidade. É ai que a alma se ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para ela, por assim dizer, o período de incubação Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana. haveria assim filiação espiritual do animal para o homem, como há filiação corporal. Esse sistema fundado, na grande lei de unidade que preside à criação, corresponde, forçoso é convir, à justiça e bondade do Criador; dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de formar uma categoria de seres deserdados, para terem no futuro que lhes será reservado, uma compensação aos seus sofrimentos. O que constitui o homem espiritual, não é a sua origem, são os atributos especiais dos quais está dotado em sua entrada na humanidade. Atributos que o transforma, tornando-o um ser distinto, como o fruto saboroso é distinto da raiz amarga que lhe deu origem. Por haver passado pela fileira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; Já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto, informe que o colocou no mundo. Esse sistema levanta múltiplas questões cujo prós e contras não é oportuno discutir aqui; nem as diferentes hipóteses que se tem formulado sobre este assunto. Se pesquisar-mos a origem do Espírito sem procurar-mos conhecer as fileiras pelas quais haja ele porventura passado, tomamo-lo ao entrar na humanidade, no ponto em que dotado de senso moral e de livre- arbítrio, começa a pesar-lhe a responsabilidade de seus atos.

          A obrigação que tem o espírito encarnado de prover o seu alimento para o corpo, à sua segurança, o seu bem estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, exercita-las e a desenvolve-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento, a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Alem disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, concorre para o progresso material do globo, que lhe serve de habitação. É assim que progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente. Todavia a encarnação dos espíritos, não é constante nem perpétua; é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma outro. Durante mais ou menos, considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparando com ao que passa no estado de espírito livre. No intervalo de suas encarnações, o espirito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da via corporal; examina o que fez enquanto habitou na Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções, pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para a frente no caminho do progresso.
         Normalmente, a encarnação não é uma punição, mas uma condição inerente a inferioridade do espírito. A medida que progride moralmente, se desmaterializa, depura-se. Sua vida se espiritualiza, suas faculdades e percepções se ampliam; sua felicidade se torna proporcional ao progresso realizado. Entretanto, em virtude de seu livre- arbítrio, pode ele por má vontade, retardar o seu avanço; prolongando a duração de suas encarnações.
         O progresso material de um planeta, acompanha o progresso moral de seus habitantes. A Terra é um dos menos adiantados, povoada de espíritos relativamente inferiores. Quando hão realizado a soma de progresso, que o estado desse mundo comporta, deixam-no para encarnar em outro mais adiantado, até que não sendo mais de proveito a encarnação em corpos materiais, passam a viver exclusivamente da vida espiritual, na qual continuam a progredir noutro sentido e por outros meios, tornando-se mensageiros de Deus ajudando no adiantamento dos demais irmãos seus. Todos são úteis no conjunto, ao mesmo tempo que a si próprios. Por toda parte no mundo espiritual, a atividade. Em nenhum ponto a Ociosidade inútil. A coletividade dos espíritos, constitui de certo modo, a alma do Universo. Por toda parte, o elemento espiritual é que atua em tudo, sob o influxo do pensamento Divino. Sem esse elemento, só há matéria inerte, carente de finalidade, de inteligência. Com a ação do elemento espiritual individualizado, tudo tem uma finalidade, uma razão de ser, tudo se explica. Quando a Terra se encontrou em condições, climatéricas apropriadas à existência da espécie humana, encarnaram nela espíritos humanos. De onde vinham? Quer eles tenham sido criados naquele momento; quer tenham vindo de outros mundos, ou da própria Terra, é um fato, pois que antes deles, só animais havia. Revestiram-se os corpos adequados às suas necessidades, às suas aptidões e por meio do exercício de suas faculdades, esses corpos se aperfeiçoaram: é o que a observação comprova. Com diferença sensível, entre seus caracteres e aptidões, os semelhantes se agruparam e procriando-se esses corpos na conformidade dos respectivos tipos, resultaram daí as diferentes raças, quer quanto ao físico, quer quanto a moral. Continuando a encarnar entre os que se lhes assemelhavam, os espíritos similares perpetuaram o caráter distintivo, físico e moral, das raças e dos povos, caráter que só com o tempo desaparecem, mediante a fusão e o progresso deles. Cada qual dando ao seu modo de vida, um cunho especial de acordo com o seu grau de saber, e com o seu gênio particular. Agruparam-se então por analogia de origem e de gostos, formando tribos e povos. Não foi portanto, uniforme o progresso em toda a espécie humana.
         Como é natural, as raças mais inteligentes, adiantaram-se às outras, mesmo sem se levar em conta, que muitos espíritos recém- nascidos para a vida espiritual, vindo encarnar na Terra juntamente com os primeiros ai chegados, tornaram ainda mais sensível a diferença em matéria de progresso.
         Não é possível comparar-se os selvagens, que mal se destinguem dos macacos, aos chineses, menos ainda aos europeus civilizados. Ao selvagens alcançaram um dia o nível em que se acham os seus irmãos mais velhos. Mas em dúvida, não será em corpos da mesma raça física, ainda impróprios a um certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento, já não estiver em correspondência com o progresso que ajam alcançado, eles emigraram daquele meio, para encarnar noutro mais elevado, e assim por diante, até que tenham conquistado todas as graduações terrestres, ponto em que deixaram a terra, para passar para mundos mais avançados.

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